sexta-feira, 6 de maio de 2016

Saudade

Como lidar com a saudade, complicado né?

Eu mesma não sei responder. Existem algumas pessoas que quando penso nelas, sinto saudade, mas não sinto falta. São momentos que passei com “ela (s) ” e que simplesmente passaram.

E existem pessoas que quando penso nelas meu coração fica aflito, minha respiração fica ofegante, meu peito começa a arder e não sei o que fazer para isso parar…apenas tento parar de pensar nelas, ou seja, afogar esse sentimento e deixar ele quietinho ali para em outro momento sentir tudo novamente.

Porem para algumas pessoas que sinto isso, já consigo lidar melhor, outras ainda não. Independente do quanto tempo venho sentindo isso.

Existe a saudade de pessoas que sei que a qualquer momento posso matá-las e existe a saudade de pessoas que não posso matá-las tão rapidamente.

E quando consigo dar um jeitinho de apenas confortá-las são apenas com as lembranças porque elas não estão mais aqui.

A primeira pessoa que perdi que me abalou consideravelmente foi minha mãe. Uma dor insuportável eu senti naquela noite e tenho essa lembrança viva na minha memória. Essa noite foi terrível, onde meu mundo desabou e eu não entendia muito bem o que estava acontecendo e o quanto isso me afetaria para o resto da minha vida.

Mas depois que a turbulência passou, logo nos primeiros dias eu já fiquei bem, entrei numa rotina e logo afoguei meus sentimentos.

Mas lógico que mesmo assim ainda não tinha noção do quanto isso mudaria tudo.

Tive milhões de momentos que lembrei muito dela e que pensei, como seria se ela estivesse aqui. Como senti falta do colo dela, do cheiro dela....

Por diversas vezes observei as mães das minhas amigas recebendo o carinho que eu mesma queria receber, recebendo a bronca que eu também precisava receber, o conselho, o amor...eu ficava só olhando e quando elas viam para mim para me dar um abraço, um beijo, um carinho eu me sentia realizada. Mesmo sabendo que eram apenas as mães das minhas amigas.

Me recordo de uma vez escutar uma amiga dizendo: “Queria que a minha mãe morresse! ” (Lógico que da boca para fora) e aquilo me doeu, e eu apenas disse: “Você não sabe o que está dizendo, então não deseje isso”.

Um outro momento que me lembro bem foi quando engravidei do primeiro filho. Em uma (diversas) noite chorei horrores, me sentindo perdida, sozinha, sem saber o que fazer da minha vida...e senti demais a falta dela. Acho que essa foi a primeira vez que caiu a ficha de verdade…onde eu não poderia afogar o sentimento e ao contrário tinha que encará-lo. O mesmo sentimento foi quando deitei na mesa de cirurgia para ele nascer e comecei a ficar muito nervosa, pensava e agora? Não sei o que fazer, não tenho saída...e a minha maravilhosa médica pediu para que todos saíssem da sala, me pegou no colo, me abraçou e choro comigo por um longo tempo.

Em muitos momentos da minha vida ela fez falta, em uns mais e em outros menos, porem sempre tem os que marcam mais...

Por mais que já tenha 29 anos que ela não está mais comigo, por mais que a dor não seja tão intensa, por mais que já tenha me conformado sem a presença dela a dor é inevitável quando chega perto dos últimos dias que estive com ela e que coincide com o dia das Mães.

Vivi apenas 11 anos da minha vida com ela. Não a conheci profundamente. Não sei a sua cor preferida, não sei a sua flor preferida, sua comida preferida, seu lugar preferido. O que ela lia quando criança, sua brincadeira preferida. Ela não brincou com seu primeiro neto. Ela não foi chamada de vovó.

A única coisa que posso dizer é que ela foi a minha mãe por esse tempo e que a amei profundamente, aliás amo, mesmo não lembrando de muitas coisas....


E que que gostaria de ter mais um dia com ela….