Como lidar com a saudade,
complicado né?
Eu mesma não sei responder.
Existem algumas pessoas que quando penso nelas, sinto saudade, mas não sinto
falta. São momentos que passei com “ela (s) ” e que simplesmente passaram.
E existem pessoas que quando
penso nelas meu coração fica aflito, minha respiração fica ofegante, meu peito começa
a arder e não sei o que fazer para isso parar…apenas tento parar de pensar
nelas, ou seja, afogar esse sentimento e deixar ele quietinho ali para em outro
momento sentir tudo novamente.
Porem para algumas pessoas que
sinto isso, já consigo lidar melhor, outras ainda não. Independente do quanto
tempo venho sentindo isso.
Existe a saudade de pessoas que
sei que a qualquer momento posso matá-las e existe a saudade de pessoas que não
posso matá-las tão rapidamente.
E quando consigo dar um jeitinho
de apenas confortá-las são apenas com as lembranças porque elas não estão mais
aqui.
A primeira pessoa que perdi que
me abalou consideravelmente foi minha mãe. Uma dor insuportável eu senti
naquela noite e tenho essa lembrança viva na minha memória. Essa noite foi terrível,
onde meu mundo desabou e eu não entendia muito bem o que estava acontecendo e o
quanto isso me afetaria para o resto da minha vida.
Mas depois que a turbulência passou,
logo nos primeiros dias eu já fiquei bem, entrei numa rotina e logo afoguei
meus sentimentos.
Mas lógico que mesmo assim ainda
não tinha noção do quanto isso mudaria tudo.
Tive milhões de momentos que
lembrei muito dela e que pensei, como seria se ela estivesse aqui. Como senti
falta do colo dela, do cheiro dela....
Por diversas vezes observei as
mães das minhas amigas recebendo o carinho que eu mesma queria receber, recebendo
a bronca que eu também precisava receber, o conselho, o amor...eu ficava só olhando
e quando elas viam para mim para me dar um abraço, um beijo, um carinho eu me
sentia realizada. Mesmo sabendo que eram apenas as mães das minhas amigas.
Me recordo de uma vez escutar uma
amiga dizendo: “Queria que a minha mãe morresse! ” (Lógico que da boca para
fora) e aquilo me doeu, e eu apenas disse: “Você não sabe o que está dizendo,
então não deseje isso”.
Um outro momento que me lembro
bem foi quando engravidei do primeiro filho. Em uma (diversas) noite
chorei horrores, me sentindo perdida, sozinha, sem saber o que fazer da minha
vida...e senti demais a falta dela. Acho que essa foi a primeira vez que caiu a
ficha de verdade…onde eu não poderia afogar o sentimento e ao contrário tinha
que encará-lo. O mesmo sentimento foi quando deitei na mesa de cirurgia para
ele nascer e comecei a ficar muito nervosa, pensava e agora? Não sei o que
fazer, não tenho saída...e a minha maravilhosa médica pediu para que todos saíssem
da sala, me pegou no colo, me abraçou e choro comigo por um longo tempo.
Em muitos momentos da minha vida
ela fez falta, em uns mais e em outros menos, porem sempre tem os que marcam
mais...
Por mais que já tenha 29 anos que
ela não está mais comigo, por mais que a dor não seja tão intensa, por mais que
já tenha me conformado sem a presença dela a dor é inevitável quando chega
perto dos últimos dias que estive com ela e que coincide com o dia das Mães.
Vivi apenas 11 anos da minha vida
com ela. Não a conheci profundamente. Não sei a sua cor preferida, não sei a
sua flor preferida, sua comida preferida, seu lugar preferido. O que ela lia
quando criança, sua brincadeira preferida. Ela não brincou com seu primeiro neto.
Ela não foi chamada de vovó.
A única coisa que posso dizer é que ela foi a
minha mãe por esse tempo e que a amei profundamente, aliás amo, mesmo não lembrando
de muitas coisas....
E que que gostaria de ter mais um
dia com ela….